Its not only love, its fate too. (CAP 3!)

# 2nd chapter

Respirei fundo e saí da cama. Era um novo dia.
Abri o armário, em busca de uma peça preta que pudesse usar no malfadado funeral. Uma questão consumia-me ‘Iria o meu pai estar lá?’, presumivelmente não. Porque deveria? Para abraçar a filha no dia em que esta se despedia da sua mãe, quiçá. Mas não. Ele não se importava verdadeiramente comigo; ininterruptamente fora ela que zelara por mim enquanto eu crescia até aos meus actuais 16 anos.
Deparei-me com um vestido, que ela me tinha oferecido. Nunca o vestira. Irónico.
Vesti-o, e dei uma olhadela ao espelho. Era aprazível, pensei enquanto desembaraçava os longos cabelos castanhos-claros.
No funeral derramei uma única lágrima.
Tinha assegurado a mim própria que não voltaria a chorar, agora que já não possuía nada nem ninguém na minha vida que me pudesse lacerar o coração.
Afastei-me da campa com um sentimento de perda descomunal que me contraía o peito, impedindo a respiração, como se uma faca estivesse cravada no mesmo.
Sentei-me num banco de jardim, contemplando as nuvens, enquanto a minha respiração retomava o ritmo usual.
Ele não tinha vindo. O meu pai não tinha presenciado o adeus final à sua mulher, pensei, combatendo mais uma vez as lágrimas que insistiam em assomar aos meus olhos.
- Estás bem? – perguntou alguém.
Uma voz completamente desconhecida.

# 3rd chapter

- Estás bem? – perguntou alguém.
- Já estive melhor. – respondi calmamente, pouco interessada em encantar o rapaz que me olhava com os olhos mais belos com que me havia deparado em muito tempo.
Ele sentou-se ao meu lado.
Em silêncio.
Não um silêncio constrangedor, mas um silêncio agradável.
Tomou a minha mão na dele, e olhou para mim, com um suave sorriso nos lábios. Não tive a coragem necessária para o encarar, mas também não libertei a minha mão.
- E, por ventura, podes dar-me o prazer de me dizer o teu nome?
- Tu primeiro. – respondi com um sorriso ténue na cara.
- Justin. – disse ele, com um sorriso ainda mais largo – por acaso, há alguma hipótese de quereres ir comer um gelado na minha companhia?
- Há uma hipótese.
Ele ergueu-se, ainda a segurar na minha mão, e arrastou-me com ele, até uma geladaria ali nas redondezas. Despegou-se de mim, deixando-me só na esplanada enquanto foi buscar dois gelados.
- Queres sentar-te aqui? – inquiriu quando voltou.
- Se não te importares, eu optava por dar uma volta. – respondi, acanhada. Ele não replicou, apenas pegou uma vez mais na minha mão, e continuou a andar.
- Tenho que ir embora, é tarde. – proferi calmamente, enquanto me afastava dele.
- Espera! Não me disseste o teu nome!
Sorri perante aquelas palavras, mas não me detive.
Continuei.